sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Charles Gavin, o Baterista dos Titãs!




Desde cedo Charles de Souza Gavin, nascido em São Paulo no dia 9 de julho de 1960, foi contaminado pelo vírus da percussão. Em 68, os colegas de primário da escola Helena Lemmi, no Bosque da Saúde, zona sul da capital paulista, resolveram participar do desfile de 7 de Setembro. Só tinha um problema: o único instrumento que o colégio dispunha era um surdo de marcação. Sem dinheiro para incrementar a banda, os professores acharam uma saída: improvisaram instrumentos com utensílios de cozinha. Mas quem iria assumir o único e precioso surdo? Charles, acostumado a batucar nas carteiras da sala de aula, foi escolhido por unanimidade pelos colegas. Logo nos ensaios, viram que tinham feito a coisa certa: ele era o único que marcava o tempo com precisão, enquanto os outros castigavam as tampas de panela, colheres e raladores de queijo tocados com garfo. A banda, comandada por Charles, acabou faturando o prêmio de originalidade do desfile.

Aos 15 anos, já morando no Jabaquara, Charles se juntou com mais dez vizinhos e durante algumas semanas antes do carnaval promoveram ruidosas batucadas no bairro. Nada era formal, mas serviu para ele experimentar um pouco de cada instrumento: tocou caixa, surdo, agogô... Seus ouvidos, porém, estavam antenados nos discos de Led Zeppelin, Black Sabbath e Emerson, Lake & Palmer. Decidido a ser baterista, aproveitou frisos metálicos das laterais do Opala do pai, que tinham sido trocados, e os transformou em baquetas. O sofá e as poltronas revestidas de corvim viraram caixa, tons e surdos, e dois cinzeros de metal serviram de pratos. Estava pronta a primeira "bateria" de Charles, que obviamente só era utilizada na ausência dos pais.

Em 1979, aos 19 anos, ele convenceu o pai a comprar sua primeira bateria de verdade, uma Pinguim branca. A condição para manter o instrumento, porém, era não abandonar os estudos. Em 1982, Charles entrou na faculdade de Administração na PUC, enquanto paralelamente trabalhava na Panasonic, operando computadores enormes. Nas poucas horas de folga tocava compulsivamente. Desde sua estréia, na banda Zero Hora, passou pela Santa Gang, Zona Franca e Jetsons, esta última ao lado de Branco Mello e Ciro Pessoa, com quem viria a tocar nos Titãs, a partir de 1985. Também com Ciro, integrou o Cabine C, mas foi no Ira! que passou a fazer mais shows no circuito alternativo paulistano, chamando a atenção dos Titãs.

Em dezembro de 1984, quando já tinha trocado o Ira! pelo RPM (banda liderada por Paulo Ricardo, que ensaiava à exaustão para o disco que sairia no ano seguinte), Charles foi chamado para participar dos Titãs, no lugar de André Jung, que coincidentemente acabaria ocupando seu lugar que ainda estava vago no Ira!. Charles largou a tripla jornada e resolveu se dedicar exclusivamente à música. Sua estréia no grupo aconteceu em janeiro de 85. Logo depois, entrou em estúdio para gravar o segundo disco da banda, "Televisão", o primeiro com sua participação.

Colecionador compulsivo de discos raros em vinil e garimpeiro de sebos, o baterista transformou seu hobby numa atividade paralela aos Titãs: nos últimos anos, Charles tem cuidado do relançamento de discos fora de catálogo, de artistas como Tom Zé, Lady Zu e Novos Baianos, além de organizar coletâneas para algumas gravadoras. Desde o fim dos anos 80, também produz discos. Sua estréia foi com o álbum "Vítimas do Sistema", da banda brasiliense Detrito Federal, em 88. No selo Banguela, que os Titãs criaram em 94, produziu o álbum do grupo pernambucano mundolivre s/a, lançado em 95.

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