sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Charles Gavin e Ney Matogrosso relembram primeiro disco solo do cantor


RIO - vwwwww...vwwwwwwww...riskzzzzzzzztsk....rrrrrrrrrvwwwwwwww... Difícil imitar o som de um disco de vinil. O ruído, considerado gostoso para muitos apreciadores da velha bolacha preta, dava uma 'alma' às músicas. Alma que, em tempos digitais, vem ficando cada vez mais rara. Na TV, esse chiado 'gostoso' resiste no programa O som do vinil, capitaneado pelo baterista do Titãs, Charles Gavin.

O instrumentista, também pesquisador musical, se traveste de apresentador e vai em busca dos artistas que realizaram as maiores obras-primas da música brasileira para descobrir a história - e as histórias - por trás de cada álbum.

O programa estreou no ano passado, destacando pérolas como o primeiro disco do Secos & Molhados, o Clube da Esquina e Acabou chorare, do Novos Baianos. A repercussão fez com que O som do vinil passasse de mensal a semanal, e agora vai ao ar toda sexta-feira, às 21h30, no Canal Brasil.

Em um fim de tarde, na sala de sua casa repleta de livros, CDs, DVDs, discos de vinil e artefatos musicais em geral (parecendo até uma loja ou museu da música!), Charles Gavin escuta com Ney Matogrosso o LP Água do céu-pássaro, também conhecido como O homem de Neanderthal - primeiro disco solo do ex-vocalista do Secos & Molhados -, para a produção de mais um programa. O lançamento, em 1975, gerou muita expectativa, já que Ney vinha de um rompimento precoce com o grupo de maior sucesso da história da música pop até então.

- Faz tempo que não ouvia esse disco, já que não tenho vitrola - revela Ney, em meio aos estalitos do vinil. O álbum, bastante experimental, até hoje não foi lançado em CD.

- 'Liberdade' é a palavra desse disco. Há ali uma despreocupação total com o aspecto comercial. Não sei como me deixaram fazer isso! - diverte-se o cantor, recordando a época enquanto escuta os sons de floresta e animais que intercalam as músicas.

Para Charles Gavin, dos primeiros episódios de O som do vinil - que trazia ainda as estréias solo de Raul Seixas e Luiz Melodia -, o sobre o Secos & Molhados foi o que deu maior retorno do público. O titã lamenta que o formato do programa seja limitado - apenas 25 minutos para contar a história de discos que produziriam mais de uma hora de revelações e curiosidades.

- Espero conseguir lançar esse material em DVD, com uma hora de papo. Tem muita gente pedindo isso - adianta Gavin. No exterior, existe a série Classic Albuns (disponível também no Brasil), que foi inspiração para a produção da versão tupiniquim. Álbuns de artistas como Jimi Hendrix, Stevie Wonder e The Who, entre dezenas de outros, ganharam seus programas. Antes de O som do vinil, a fantástica e riquíssima obra musical brasileira não tinha uma produção como esta à altura de sua qualidade e relevância. E por enquanto, ainda é restrita aos que tem TV por assinatura.

- Vejo que tem cada vez menos espaço para a música brasileira na televisão - lamenta Gavin. - A iniciativa do Canal Brasil de produzir estes documentários é digna de aplausos!

O baterista aproveita o fato de ser músico para conseguir uma intimidade que nenhum entrevistador 'normal' conseguiria. Além disso, como todo o meio já conhece bem o trabalho carinhoso de resgate da música brasileira que ele promove já há vários anos, o acesso aos artistas fica mais fácil e com um clima 'entre amigos'.

- Acho que depois de tantas entrevistas que fiz, estou aprendendo a entrevistar! O que mais me dá barato são as entrevistas. É a grande recompensa desse trabalho.

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