sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Charles Gavin entrevista na Uol e fotos do livro "300 Discos Importantes da Música Brasileira"






















(04:10:15) Charles Gavin: A idéia do livro "300 Discos Importantes da Música Brasileira" era montar um painel da música brasileira desde quando começou a ser gravada até os dias de hoje. É uma sugestão minha e destas três feras, o Tárik de Souza do Jornal do Brasil, Carlos Calado da Folha de S.Paulo e Arthur Dapieve do Globo. Eles escrevem sobre música. Eu os convidei para fazer este projeto e no livro damos sugestões de 300 discos.

(04:12:15) Charles Gavin: Neste projeto feito a tantas mãos primeiro escolhemos os artistas que não poderiam ficar de fora e destes artistas os discos que são essenciais. Alguns poucos artistas tiveram mais de um disco escolhido pelo volume da obra, são eles Tom Jobim, João Gilberto, Jorge Ben, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Milton Nascimento, Chico Buarque e Tim Maia. Pois é muito difícil apontar qual o disco essencial dentro destas obras fantásticas. Dentro deste bom senso, claro que cada um chegou com uma lista de mais de 300 discos. Na primeira seleção que eu fiz com o Tárik estávamos com uma lista de 450 discos e fomos tirando. Foi difícil tirá-los, não foi fácil.

(04:14:31) Charles Gavin: A nossa idéia inicial era montar um painel da música brasileira, uma sugestão de discoteca básica, sendo assim não tivemos nenhum preconceito contra nenhum gênero da música brasileira, desde sertanejo, funk... E para algumas camadas da sociedade alguns são difíceis de engolir como o funk. Ontem tivemos um debate na livraria Cultura e ele começou exatamente com este tema, ficamos quase uma hora falando disso. Naturalmente a polêmica se instaurou ali, porque as pessoas questionam mesmo o valor cultural e artístico deste gênero. A música brasileira é isso, uma diversidade tamanha que a gente até se assusta com ela.

(04:08:41) caca: Qual disco foi o mais difícil de ser encontrado?

(04:15:49) Charles Gavin: caca, tem vários, um deles é o primeiro disco extraordinário de um sambista chamado Miltinho que foi gravado em 1950. A sua gravadora, a Sideral faliu depois de lançar este disco. E eu o consegui por meio de um colecionador que tem um blog (loronix.blogspot.com) sensacional sobre música brasileira. Este cara que acabou sendo colaborador do livro tinha este disco e me deu de presente, mandou para a minha casa do Rio de Janeiro. Este foi um dos mais difíceis.

(04:16:55) Charles Gavin: Alguns discos vêm com encarte, com contracapa, sempre que possível aproveitamos este material. O design gráfico é da Silvia Ribeiro e da Clarice Ubá, sua assistente, que foi um trabalho sensacional. Nós conseguimos fotos raríssimas de um acervo de um dos fotógrafos mais importantes da década de 60 que é o Francisco Pereira. São fotos inéditas.

(04:08:51) Gustavo: Charles, já lia as várias notícias sobre o lançamento do seu livro e queria saber se discos de Bethânia, Gal e Simone estão entre os seus escolhidos e quais.

(04:18:46) Charles Gavin: Gustavo, estão sim, nós escolhemos de alguns artistas dois ou três álbuns e dos demais um só, foi difícil. O disco da Gal foi o "Gal Fatal" lançado em 1970 ou 1971, um show ao vivo e parece que é o primeiro álbum duplo da indústria fonográfica brasileira. Da Maria Bethânia é o "Drama", década de 70 também. A Simone acabou ficando em uma das listas adicionais. Quando terminados a nossa lista dos 300 percebemos que tinha muita gente que ainda não havíamos colocado, mas o tempo para concluir o livro estava acabando. Se eu não entregasse para o patrocinador iria levar uma multa assustadora. Porque os contratos feitos hoje da lei Rouanet são feitos assim. No final do livro colocamos listas adicionais onde colocamos discos que consideramos importantes e ela entrou na lista do Tárik de Souza. Então cada um listou 30 discos que eram para ter entrado e que não conseguimos colocar.

(04:11:08) Adry: Oi Charles!!! Tudo bom? Gostaria de saber porque, entre tantos discos importantes da música brasileira, foram escolhidos os da Elza Soares e o do Moreira da Silva pra serem os CDs que vem junto do livro?

(04:20:47) Charles Gavin: Adry, a idéia era fazer um disco especial para o livro com duas compilações que viessem encartadas no livro com várias faixas de cada disco, mas acontece que ficou muito caro. Fui às gravadoras que são donas das gravações e apresentei o projeto, mas o orçamento que elas me deram não teria verba dentro do projeto. Achei que dois discos "Baterista: Wilson das Neves" (1968), de Elza Soares e "O Último Malandro" (1959), de Moreira da Silva eram muito legais, representativos e poderiam substituir a idéia inicial de fazer compilações para este livro.

(04:14:00) Marvin Junior: Charlao, qual (ou quais foram) foi o maior obstaculo que voces encontraram pra fazer esse trabalho dos "300 discos..." ?

(04:22:46) Charles Gavin: Marvin Junior, foram vários, mas o obstáculo inicial foi conseguir patrocinador para este projeto. Ele não poderia acontecer se não fosse o patrocinador que é a Petrobrás. Depois de muitos telefonemas, vários pilotos, felizmente eles acabaram topando fazer este livro. Este foi o obstáculo maior, demorei dois anos para conseguir este patrocínio. A Petrobrás só patrocina projetos com caráter cultural, identidade com a cultura brasileira e contrapartida social. Todos estes projetos que são feitos através da lei Rouanet tem que ter uma contrapartida social porque são feitos com dinheiro do incentivo fiscal. Tudo tem que ser documentado e tem que ser assim mesmo porque é dinheiro público e sem isso não existiria este projeto.

(04:14:04) pequena: o que vc achou da iniciativa da Adriana Calcanhoto em fazer um disco dedicado às crianças... vc não acha que o público infantil está carente de boa música??

(04:26:27) Charles Gavin: pequena, você está absolutamente certa. Não só boa música, mas o público infantil precisa de projetos em geral que tenham um comprometimento educacional, divertir e ao mesmo tempo ensinar. Eu me dei conta de que a produção da TV aberta está deixando muito a desejar, não consigo citar um programa que tenha um caráter educacional com exceção da TV Cultura. O disco "Adriana Partimpim" da Adriana Calcanhoto é extraordinário porque trata a criança com inteligência, é ligado a poesia, um disco delicado. A música foi tão bem construída que poderia ser um disco de adulto. Isto é tão bom, ouvi muito este disco e vi que sem dúvida é um dos mais legais produzidos para o público infantil. De uns anos para cá houve uma retomada destas produções como o Palavra Cantada. Isto estimulou as pessoas a quererem fazer. O disco da Adriana vendeu muito, então foi provado que este tipo de projeto se paga, é viável, bom e saudável. Isto chamou a atenção de vários outros músicos, a partir daí uma nova leva tem acontecido.

(04:14:09) tatinha: o que vc acha do rock bem humorado do Ultraje a Rigor?

(04:28:55) Charles Gavin: tatinha, o disco do Ultraje que entrou foi "Nós Vamos Invadir a Sua Praia". Fui testemunha de que este disco foi um sucesso avassalador. Tocava nas rádios várias músicas dele ao mesmo tempo, quase quatro a cinco faixas tocando simultaneamente. É o melhor da minha geração porque tem um discurso político muito bem feito, construído pelo Roger, e adequado para a época. E tem uma ironia de paulista, de paulistano que é difícil. Porque nós não nos destacamos pelo humor, pela ironia, diferente do Rio. Quando este disco chegou ao Rio com este humor ácido do Roger e o som da banda que era puro rock n roll foi uma coisa que pegou nas rádios cariocas e é muito interessante porque devolveu uma coisa que os cariocas diziam dos paulistas de que eles mal-humorados etc. Então ele usou isso e devolveu com um humor que deixou os cariocas até surpresos. Ele estourou no Brasil todo e o Ultraje se tornou uma super banda. É um clássico da música brasileira.

(04:17:00) Igor Garcia: Admiro muitíssimo seu trabalho de "garimpeiro" da música brasileira. Gostaria de saber como é possível mobilizar uma gravadora a reeditar um álbum originalmente lançado em LP. Que argumentos você costuma usar para conseguir convencer "os caras" de que tais relançamentos são viáveis?

(04:31:00) Charles Gavin: Igor Garcia, a gente vive em uma sociedade capitalista, propor projetos que não tenham lucros ou com uma margem de lucro pequena não será aceito. O meu argumento é provar para as gravadoras que os projetos que eu faço são viáveis e dão dinheiro porque tem um público que quer isso. O difícil é conseguir convencer as gravadoras. De todos os projetos que fiz todos venderam. É duro provar isso porque as gravadoras precisam de toda a sua verba disponível para promover os discos dos artistas atuais. Isto acontecia antes dos anos 90 e agora com esta situação dramática das gravadoras se agravou.

(04:17:15) ZECA: Chales parabéns pelo trabalho...se vc fosse fazer a lista de disco de bandas internacionais quais seriam, na sua opinião, os 10 primeiros

(04:33:15) Charles Gavin: Zeca, consideando só rock "Nevermind", do Nirvana, "Dark Side of the Moon", do Pink Floyd, "Paranoid", do Black Sabbath, "Led Zepellin 4", "Selling England By the Pound", do Genesis, "Brain Salad Surgery" do Emerson, Lake & Palmer...
Na era moderna temos o álbum preto do Metallica, um disco excepcional. Também colocaria "Kid A" do Radiohead, o segundo disco do Cold Play, aquele tem aquela capa branca, e "Mezzanine", do Massive Atack.

(04:19:29) Marvin: Gostaria de saber se é muito difícil não deixar o gosto pessoal ditar o rumo das escolhas ?

(04:34:23) Charles Gavin: Marvin, é difícil, tem que ter bom senso por isso é importante trabalhar com mais gente, pois às vezes exageramos. Com estas listas se percebe os gostos pessoais de cada um.

(04:36:09) Charles Gavin: Tem um cara que é super cult que há alguns anos lançou um disco de música preta, é o Gerson King Combo que entrou na minha lista pessoal. O grande mestre desta época foi o Tim Maia que misturou grandes mestres com a música brasileira.

(04:38:00) Charles Gavin: Sobre o disco "Racional", a negação do Tim Maia e a não reedição deste disco acabou levando a esta coisa de cult. As letras falam do universo e desencanto a que o Tim Maia pertenceu naquela época.

(04:39:07) Charles Gavin: Quando vaza um disco na internet a contragosto do artista não gosto de ouvir. Fico um pouco incomodado quando sei que aquilo vazou contra a vontade do artista, é como se eu estivesse compactuando com algo que ele não gosta. Fico pensando qual foi o cara de dentro do estúdio que saiu com as gravações escondidas, a troco de quê fez isso, eu não faria.

(04:19:33) Ricardo: boa tarde, na sua opinião, pq hj em dia o rock nacional não está tão bem representado como antigamente, na época dos 80's de bandas como vcs..,rpm, ultraje a rigor..., oq está faltando nas bandas atuais???

(04:19:35) Charles Gavin: Ricardo, não sei se vou conseguir responder a esta pergunta, a música é fruto de um momento que as pessoas estão vivendo, do que está acontecendo na vida das pessoas naquele momento específico. Neste livro eu falo de um conceito interessante que é o álbum. O que era álbum para mim que sou da geração do vinil. O álbum é como se fosse uma polaroid daquele momento da vida do artista. Por exemplo, citei um disco clássico do Pink Floyd, este disco é conceitual, ali tem críticas contundentes da sociedade naquele momento, uma sociedade capitalista, consumista. Tem uma música chamada "Dinheiro", por exemplo, com uma letra absolutamente atual. Este disco foi feito em 1973, eu acho, e reflete o que você está pensando naquele momento.
Os discos e os filmes refletem o que a sociedade está pensando no momento, não tem como desvencilhar. O entretenimento de consumo imediato, consumo em grupo, aquele que se faz com mais de uma pessoa, em que a comunicação é mais rápida, refletem os nossos dias. Acho que a sua pergunta é "cadê aquelas bandas contundentes, gritando e berrando".
Acho que este é um mundo em que talvez a contundência, a rebeldia, esteja localizada em outra forma e você não consiga ver. Por exemplo, o Tárik no debate de ontem disse que o funk é a música de protesto da periferia, assim como o rap, ou seja, um protesto mais sutil do que aquela coisa apelativa que possa parecer. Não estou endossando isso, mas as formas de protestar talvez estejam mudando tão rápido e talvez aquilo de a música protestar para mudar o rumo de suas vidas não ocupe mais este lugar. O que ocupe isso talvez seja a internet e suas diversas formas de expressão. Talvez a música tenha se tornado uma coisa muito parecida com o que o cinema é hoje em dia, uma forma de entretenimento absolutamente descartável. Se divertiu, consumiu, gostou, curtiu, o próximo... Enquanto que discos como este que citei é uma coisa que atravessa os tempos, está ali e continua atual.

(04:23:44) Fabi Yoko: Tudo bem? Por que, em sua avaliação, o álbum Cabeça Dinossauro não poderia ficar de fora dessa seleção?

(04:23:46) Charles Gavin: Fabi Yoko, é delicado para mim ficar falando dos Titãs em um livro como este. O pessoal queria que dois discos do Titãs entrasse e eu não permiti. Se entrasse dois deles teria que entrar dois do Legião, dois do Paralamas... E aí eles escolheram o "Cabeça de Dinossauro". Mas dentro da nossa discografia este disco é uma unanimidade.

(04:24:54) Marvin Junior: Charles, com relacao ao proximo disco dos Titas; o tony vai cantar, o Britto e o Branco vao tocar baixo.... e voce ? vai ja esta pronto pra tocar baixo tambem ??

(04:24:57) Charles Gavin: Marvin Junior, sabe que eu estudo contrabaixo há três anos, voltei para a escola de música. A gente nunca deve sair da escola, lá fazemos muita troca, gosto da situação de ser um aluno eterno. Entrei em uma escola de música no RJ com um professor fera. E só vou tocar baixo profissionalmente quando estiver tocando decentemente porque eu não toco nada. Também não acho que os Titãs estejam precisando disso. Vamos tocar só entre os cinco titãs. O Paulo tem facilidade para tocar qualquer instrumento, até bateria ele toca. O Branco vem se esforçando há muitos anos e assumiu o baixo na banda. Então acho que não precisa, temos dois baixistas excelentes que dão conta do recado e não precisa de um terceiro que nem toca ainda.

(04:25:25) Charles Gavin: Sobre o show Paralamas e Titãs: Ainda estamos em turnê. Me divirto muito tocando ao lado do Barone, primeiro porque sou seu fã, é o maior baterista dos anos 80. Também é um grande músico, tem uma visão de prática de grupo excepcional. Nós ensaiamos muito para fazer este show. Isto é essencial para que a prática de grupo seja prazerosa. Os Titãs entraram de cabeça neste show, gosto de vê-los tocando as músicas dos Paralamas e vice-versa. O som que resulta disso é
muito bom, não tem nada mecânico ou eletrônico. Temos uma combinação que dá muito certo há muito tempo. Lançamos um DVD este ano que está indo super bem. Espero que este projeto ainda dure bastante.

(04:25:05) Rhiiiiii: Charles, e se fosse possível listar as 10 músicas preferidas pelos titãs? quais seriam? ahhh vo ter um treco!!!

(04:25:08) Charles Gavin: Rhiiiiii, em primeiro lugar "Diversão", uma das músicas, modéstia a parte, mais importante dos anos 80, o texto é espetacular e atual. Também "Lugar Nenhum", "Comida", Marvin"... E "Go Back", a letra é de um poema do Torquato Netto. "Nem Sempre se Pode Ser Deus", uma composição genial do Branco Mello. "A Melhor Banda de Todos os Tempos" é muito boa, pois trata desta coisa descartável do nosso dia-a-dia. Também tem "Epitáfio", esta música é usada em palestras de empresas para motivar as pessoas, brincamos com o Britto que ele fez uma canção sobre aproveitar a vida bem e ela acabou se tornando quase que uma literatura de auto-ajuda.

(04:35:53) dani fala para Charles Gavin: charles, tive a oportunidade de ver a pré-estréia do filme dos titas e gostaria de saber se todos voces aprovaram a versao final do filme antes do lançamento e como foi rever tantos momentos emocionantes da historia da banda. um beijo grande

(04:35:59) Charles Gavin: dani, um beijão. Foi uma emoção gigantesca, em vi pela segunda vez em SP. O filme estreou no festival do RJ. Foi como ver a sua vida passando resumida em uma hora e 40 minutos. É super impactante e aprovamos a decisão final. Nada naquele filme foi feito sem autorização ou sem consultar as pessoas envolvidas, por isso demorou tanto tempo. Foram seis anos de autorização, de edição etc. Tínhamos um material vastíssimo, 300 horas de filme. Outra coisa, o filme não tem narração em off, a narrativa se dá através das cenas, não é tão cronológico. Não aparece capas de discos. Então o Branco contou a história dos Titãs desde antes da banda até o disco "Como Estão Vocês?" de 2003. Ele considerou a história da banda mais importante do que os discos. Depois de assistir dá uma sensação de bem-estar muito grande. Também o som foi muito bem cuidado, o áudio está editado de uma forma tão perfeita. Porque somos do tempo de fita magnética, então variava de gravador para gravador. O tratamento do som é tão bom, soa tão alto e nítido que é um filme de rock mesmo. O filme "A Vida até Parece uma Festa" irá entrar em cartaz no dia 16 de janeiro.

(04:38:31) Adry: Charles, o Canal Brasil já demonstrou algum tipo de interesse pra fazer a 3ª temporada do O Som do Vinil?

(04:38:36) Charles Gavin: Adry, demonstrou e vai acontecer uma terceira temporada em 2009. Iremos entrar em uma fase de produção em dezembro. Na minha lista tem figuras fantásticas que acabamos não podendo entrevistar na temporada anterior.

(04:43:42) Raimundos: Charles, em aproximadamente 1994, qual foi sua participação no apoio do Titãs no lançamento do 1º disco dos Raimundos???

(04:43:46) Charles Gavin: Raimundos, a nossa participação é bem equilibrada no primeiro disco dos Raimundos. Eles faziam aquela fusão de hardcore com forró que só eles sabiam fazer. Para ajudá-los fizemos alguns shows com eles abrindo para a gente. Fizemos um bom trabalho, tanto é que a banda vendeu mais de 100 mil discos e é o melhor disco deles. Este disco está no livro. Fizeram bons discos depois, mas este tem uma sonoridade que é uma novidade. Depois disso eles ficaram tão grandes que o nosso selo Banguela ficou pequeno para eles. Daí a Warner os levou embora.

(04:44:43) Mário Piauí: Qual foi o outro disco dos Titãs que iria entrar na lista do livro?

(04:44:48) Charles Gavin: Mário Piauí, é o "Jesus Não Tem Dentes no País dos Banguelas" de 1987.

(04:56:40) APENAS UM HOMEM: oq vc acha que poderia ser feito pra se acabar com a pirataria e copias de dvds via internet?

(04:56:45) Charles Gavin: Apenas um Homem, sobre a pirataria física, isto é função do Estado fiscalizar. O governo brasileiro não tem um olhar preciso e profundo para o setor do entretenimento no Brasil. A legislação está totalmente defasada da realidade. O fato é que você pode comprar um CD ou DVD pirata, ou até um software pirata, em qualquer lugar de SP. E as pessoas estão trabalhando, não os condeno. O Estado é conivente com esta situação. Claro, isto sustenta muita gente trabalhadora, gente que não está no mercado de trabalho formal, mas não sou a favor disso. Mas acho que tinha que ter uma legislação própria para o setor de entretenimento com um olhar mais moderno. Nós tratamos da indústria do entretenimento como se trata outra empresa, não é, por exemplo, como vender shampoo.

(04:57:39) Mateus: Qual é o disco mais raro de sua coleção?

(04:57:42) Charles Gavin: Mateus, eu encontrei um disco no centro de São Paulo do Jorge Ben com o Trio Mocotó gravado em 1973. Era um álbum duplo dele tocando violão de náilon com o Trio Mocotó que é o trio que o acompanhou durante muito tempo. Era voz e percussão, então é o acústico do Jorge Ben feito em 1973.
Este LP só saiu no Japão. Não vou dizer quanto paguei por este disco, não foi pouco, mas foi comprado em prestações. Não gasto pouco com vinil. O disco agora está em casa fechado e lacrado onde ninguém põe a mão. Ouvi na loja inclusive para checar. A minha intenção é fazer uma cópia em CD para nunca mais ninguém mexer, mas ainda não tive tempo. É uma preciosidade.

(04:58:12) Charles Gavin: Quem comprar o livro "300 Discos Importantes da Música Brasileira" estará contribuindo com a campanha do Instituto Sou da Paz que faz um trabalho genial com jovens da periferia. O livro está sendo vendido somente na livraria Cultura (www.livrariacultura.com.br). Obrigado.

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